Por Dalton Germano
Projeto andar43, instalado no penúltimo andar do edifício mais alto de São Paulo, o Mirante do Vale, deixará por um ano a vegetação transbordar no que antes era um antigo escritório; parte da experiência é levar o público para “acampar” nesta experiência lúdica, sensível e imprevisível
O que aconteceria se a natureza tomasse conta de um antigo escritório no centro de São Paulo? Será que uma selva pode se desenvolver numa caixa de concreto? Bem no penúltimo andar do prédio mais alto da cidade? Foi pensando nisso que o artista e produtor cultural francês Charly Andral criou o projeto andar43, cuja proposta inicial é trazer de volta um pedaço da Mata Atlântica ao Vale do Anhangabaú, bem no coração de São Paulo.
O edifício Mirante do Vale está no epicentro da cidade de São Paulo, na beira de um rio hoje invisível: o Anhangabaú. Antes dos arranha-céus, antes do motor a diesel, se estendia ali uma floresta de Mata Atlântica, ecossistema que mais sofreu desde a colonização do Brasil: 93% de sua área original foi desmatada. Hoje, é o segundo ecossistema mais ameaçado de extinção no planeta.
Créditos: André Gomes
A intervenção é composta por quase cem espécies de plantas e está instalada no 43º andar do edifício, onde crescerão por um ano. São flores delicadas, hastes onduladas, folhas respirando, todas voltadas para a luz, olhando em direção às largas janelas, que se debruçam sobre o Vale e a região central da cidade. O verde parece contemplar a selva cinza paulistana, criando um contraponto e um afago em tempos de quarentena. É preciso respirar o oxigênio que nos falta, e as plantas nos fornecem o ar puro tão necessário.
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Interação com o público
Outro objetivo do projeto é permitir que o público interaja com a intervenção, e para isso a selva-laboratório está aberta ao público, podendo inclusive se hospedar no local, que conta com cama de casal, banheiro e uma cozinha básica.
O espaço se vira sem patrocínios e dinheiro público, mas conta com muita ajuda de amigos e apoiadores, e também foi criada uma campanha de financiamento coletivo com diferentes metas para que o projeto possa crescer e florescer. As primeiras metas servem para viabilizar o projeto, arcando com os custos básicos para que consigam receber o público em boas condições. As seguintes ajudarão a escrever os capítulos posteriores da intervenção, desenvolver atividades com pesquisadores e conhecedores da Mata Atlântica, e convidar outros artistas a criar intervenções no espaço. As últimas metas têm como objetivo permitir que a “selva” se estenda através do prédio, densificá-la, doar mudas de várias espécies e contaminar a vizinhança de um jeito bom.
O espaço está aberto para experiências de hospedagem e locação para diferentes propostas. Além de poder se hospedar e ter aquela vista da cidade de tirar o fôlego, também pode ser um escritório para quebrar a rotina durante a pandemia, fazer ensaios fotográficos, ou apenas visitar.
A selva-laboratório está disponível para locação no Airbnb. Para mais informações sobre como visitar e outras formas de apoiar o projeto clique aqui.