Da Redação
Concebidas especialmente para a arquitetura do Instituto Artium, as quatro obras inéditas do artista suíço radicado em Paris provocam questionamentos sobre a realidade e a ficção do espaço arquitetônico, fazendo com que o público seja ator da própria experiência
Obras híbridas que misturam cenografia, pintura e fotografia abrem inúmeras possibilidades para o público observar uma cidade, um bairro, um edifício ou um espaço cultural de outras formas. Esse é o mote do trabalho de Felice Varini, artista suíço radicado em Paris, que expõe sua primeira individual no Brasil ocupando os espaços do Instituto Artium. Com curadoria do francês Franck Marlot, a intervenção artística ocupa o espaço desde novembro de 2021, com entrada gratuita (Agendamento online pelo SITE
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Para a mostra, Varini fez uma visita prévia ao Instituto Artium, palacete centenário que foi originalmente a residência do primeiro cônsul da Suécia e hoje abriga um importante polo cultural da cidade de São Paulo, para desenvolver um minucioso estudo técnico, baseado nas observações arquitetônicas, características físicas do espaço e informações históricas do espaço. A partir desse estudo, criou digitalmente quatro instalações inéditas: Zig Zag De Quatorze Triangles, Doubles Cercles Concentriques, Sept Arcs De Cercles e Douze Petits Disques Dans Le Grand – que ocupam fisicamente a fachada exterior e três salas expositivas do Instituto. Segundo o próprio artista, sua arte se situa entre a realidade e o espaço ficcional, propondo ao público um convite para escapar da cidade pelas frestas do tempo.
Em suas criações, Varini projeta um plano no espaço que gira em torno de formas geométricas simples, como o círculo, o quadrado, a elipse, o triângulo – às vezes sólido ou vazado -, pintado em cores primárias. Neste ponto focal, a forma parece flutuar como que levitando sobre a arquitetura que a acolhe.
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
À medida que o espectador se move, a forma bidimensional se desfaz, estende-se para estourar em dezenas de “pedaços de tinta” que se atomizam no espaço tridimensional e cobrem as paredes, o teto, o corrimão da escada, entre outros espaços. O olhar sobre o ambiente é transformado e o observador então redescobre a arquitetura do lugar devido a essa nova informação pictórica.
Para Varini, em suas obras, o ponto de vista é importante, pois a pintura atinge todo seu potencial quando o observador se posiciona em um espaço privilegiado. Ao sair dele, a obra gera infinitos pontos de observação.
A arquitetura e o espaço urbano são as inspirações de Varini, que reconhece São Paulo como uma cidade singular por sua arquitetura heterogênea onde as muitas estratificações históricas, ainda visíveis, pontuam a cidade. Segundo Marlot, a relação específica com o plano e o espaço inspirou também os artistas brasileiros concretistas e neoconcretistas desde o início dos anos 1950.
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Cada trabalho do artista suíço se mostra único, pois é resultado de todas as experiências que envolvem o local expositivo. “Meu campo de ação é o espaço arquitetônico e tudo o que o constitui. Trabalho in loco cada vez em um espaço diferente e meu trabalho se desenvolve em relação aos espaços que encontro. Geralmente perambulo pelo local observando sua arquitetura, materiais, história e função. A partir desses dados espaciais e em referência à última peça que produzi, designo um ponto de vista específico a partir do qual minha intervenção toma forma. Começo a construir minha pintura a partir de uma situação. A realidade nunca se altera, se apaga ou se modifica, ela me interessa e me seduz em toda a sua complexidade. Eu trabalho aqui e agora”, reforça Varini.
SERVIÇO
Instituto Artium
Endereço: Rua Piauí, 874 – Higienópolis, São Paulo – SP – Brasil – 01241-000
Período expositivo: De 11 de novembro de 2021 a 27 de fevereiro de 2022
Horário de funcionamento: Terça a domingo, das 9h às 18h.
Entrada gratuita
Agendamento online pelo site https://www.eventim.com.br