Da Redação
Um manifesto. Um grito. Uma necessidade urgente de (re)pensar o mundo atual com os olhos – cabeça e coração – de Glauber Rocha. Três universos em caos controlado, suportes para olhares apurados e críticos dirigidos para a realidade em que estamos inseridos, para um contexto de pouco caso e desinteresse pelo outro, de declínio da capacidade de convivência, do que é público, coletivo, e de tudo aquilo que isso representa.
“’Quis/mudar/tudo’: como no poema de Augusto de Campos, esse foi o mote desse projeto. Essa é a meta desse trabalho – o desejo de tomada de consciência e de mudança”, diz Bia Lessa, criadora e curadora da exposição Cartas ao Mundo, em cartaz no Sesc Avenida Paulista, em São Paulo, até o dia 29 de maio de 2022.
A mostra modifica-se diariamente, várias vezes ao dia, e tem uma programação semanal definida, com horário para cada atração, incluindo diferentes montagens do ambiente expositivo, exibições de filmes e performances. Além disso, aos domingos, às 13h, ocorrem cortejos contestadores pela Avenida Paulista.
Veja a programação:
Terças
12h Exposição Asfixia
19h30 Exibição do filme Asfixia
20h45 Exposição Mercadoria
Quartas
12h Exposição Mercadoria
19h30 Exibição do filme Mercadoria
20h45 Exposição O Comum
Quintas
12h Exposição O Comum
19h30 Exibição do filme O Comum
21h05 Exposição Asfixia
Sextas
12h Exposição Asfixia
19h30 Exibição do filme Asfixia
20h45 Exposição Mercadoria
Sábados
10h45 Exposição Asfixia
12h Exibição do filme Asfixia
13h15 Exposição Mercadoria
14h30 Exibição do filme Mercadoria
15h45 Exposição O Comum
17h Exibição do filme O Comum
Domingos
10h45 Exposição Asfixia
12h Exibição do filme Asfixia
13h Exposição Mercadoria
13h Cortejo
14h30 Exibição do filme Mercadoria
15h45 Exposição O Comum
17h Exibição do filme O Comum
Ao visitar a exposição-manifesto, o espectador assume outros papéis quando se depara com os três capítulos de uma narrativa cinematográfica que estimula, com realidades e ambientes que ganham vida em uma expografia que se transforma incessantemente, com cenários que se modificam durante a visitação. A mostra quebra as barreiras do que se costuma esperar de uma mostra e se encaminha para uma antiexposição, como diria Tadeusz Kantor.
Formas, cores, atos e reflexos conduzem o visitante e são conduzidos por ele. Performances sequenciais, realizadas por uma dezena de artistas, vão preenchendo, assim, os universos dos filmes Asfixia, Mercadoria e O Comum. Assim como a experiência de uma miríade de obras de 80 artistas, reunidas com a contribuição especial de Vitor Garcez, Flora Süssekind, Ailton Krenak e Guilherme Wisnik.
Uma exposição-instalação, como define a curadora, com um tríptico fílmico cravado no coração de São Paulo e uma obra no Largo do Paissandu “que foi, realmente, o ponto inicial desse projeto e de seu esforço de reimaginar um trecho abandonado da cidade – e, nesse microcosmo, visualizar e pensar o país”. Essa série, cujos capítulos, ou seja, três universos são vistos em contraste e diálogo mútuo e convidados a um trânsito entre espaço expositivo, e visualização em celulares, sites e TV’s. Cartas ao Mundo é um projeto intencionalmente expansivo e apresentado em diferentes plataformas, ampliando o diálogo com o público e criando diferentes formas de apreciação.
O tríptico pode ser visto na Globoplay e na plataforma Sesc Digital. A mostra conta com os apoios do Canal Curta, Consulado-Geral da França em São Paulo, Globoplay, Goethe-Institut São Paulo, Instituto Inhotim, LBM e Pinacoteca do Estado de São Paulo, e com realização Sesc.
Cartas ao Mundo acontece no Sesc Avenida Paulista, em um local que é símbolo de “cidade” e de “urbanidade”, um espaço expositivo aberto, escancarado para a vida urbana e pronto para ser invadido por tudo aquilo que vem dela: seus olhares, seus sons, seus lamentos, suas opiniões, seus medos, seus desejos, seus sonhos, sua revolta, sua vida que pulsa.
“A intenção é participar de um movimento que diz em alto e bom som ASSIM NÃO. Não a uma cidade e a um país excludentes, que não consegue mais se ver”, anuncia Bia Lessa. E continua: “esse trabalho sai do fundo do estômago, passa pela garganta e cheira mal. Porque ele procura olhar de frente para o que nos sufoca. Porque ele existe com minhas tripas”. Aos 63 anos, ela dá voz a ações importantes para que este “não!” ganhe corpo, passo inicial para transformação. Assim como na obra de Glauber, em Cartas ao Mundo são evidentes a (r)evolução da linguagem, o diálogo com a atualidade, a quebra de barreiras e a ampliação dos limites, a ligação definitiva entre teoria e prática e o indispensável diálogo entre linguagens artísticas.
Serviço
Exposição | Cartas ao Mundo
Quando: até 29 de maio de 2022, terça a sexta, das 12h às 21h, sábados e domingos, das 10h às 18h30.
Local: Praça (Térreo).
Classificação etária: Livre.
Grátis.
Agendamento de grupos: agendamento.avenidapaulista@sescsp.org.br