Mostra reúne 721 objetos arqueológicos de arte
produzidos por povos ameríndios entre os séculos 2 a.C. e 16
O MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 30 de junho a 3 de setembro de 2023, a mostra Comodato MASP Landmann — cerâmicas e metais pré-colombianos, que ocupa o espaço expositivo no 2o subsolo do museu. Com curadoria de Marcia Arcuri, curadora-adjunta de arte pré-colombiana, MASP, e assistência de Leandro Muniz, assistente curatorial, MASP, a exposição traz 721 artefatos pré-colombianos produzidos por povos ameríndios entre os séculos 2 a.C. e 16, e é acompanhada do lançamento de um catálogo com três ensaios inéditos em português. A mostra tem apoio da JP Morgan.
Esta é a segunda exposição dedicada ao comodato da coleção de arte pré-colombiana de Edith e Oscar Landmann, emprestada em 2016 para permanecer por um período de dez anos no museu. A primeira, que apresentou um conjunto de tecidos, integrou a programação do ano dedicado às Histórias das mulheres, histórias feministas, em 2019. Anteriormente, em 2017 e 2018, foram realizados dois seminários sobre o tema. Agora, chegam ao público os objetos do comodato atribuídos a 35 culturas arqueológicas do continente americano. Peças Chavín, Paracas, Nasca, Moche, Huari, Lambayeque, Chimú, Chancay, Inca, Calima, Tolima, Zenú e Muísca, assim como as Marajoara, da Amazônia brasileira, estão entre os exemplares do vasto legado histórico e científico construído pelas antigas populações de regiões que hoje pertencem aos territórios do Equador, Peru, Colômbia, Venezuela, Panamá, México, Brasil e dos países caribenhos.
A mostra reúne artefatos que espelham o diversificado repertório de ideias, gestos, técnicas e práticas materializadas principalmente em cerâmica e metal, mas também em madeira, pedra e osso, objetos cujas composições também integram plumas, fibras e pigmentos vegetais ou minerais. “A história das populações originárias do continente americano é pouco conhecida pela maioria dos brasileiros, estando praticamente ausente em referências bibliográficas e nos livros didáticos produzidos no país. Por outro lado, a difusão do conhecimento arqueológico e etnográfico da América Indígena vem se ampliando a partir de iniciativas de museus e outras instituições do campo das artes. É neste cenário que se apresenta a segunda exposição do Comodato MASP Landmann”, pontua a curadora-adjunta de arte pré-colombiana Marcia Arcuri.
Para identificar a proveniência dos objetos de coleções, os pesquisadores partem de metodologias que identificam semelhanças estilísticas entre diferentes artefatos, com o intuito de compará-las e analisá-las a partir de um quadro de designações culturais. Com base em informações sobre peças encontradas em contextos arqueológicos, associam-se os estilos a determinadas áreas de distribuição e periodizações de ocorrência. Contudo, as fronteiras espaciais e cronológicas das chamadas culturas arqueológicas nem sempre são claras, e, cada vez mais, novas pesquisas de campo e contextos de escavação provocam revisões dos entendimentos prévios.
“Reconsiderações nas leituras sobre os registros arqueológicos serão sempre uma tendência, dado que ainda há muito a ser explorado nas pesquisas de campo”, explica Arcuri. “Pela natureza da ciência arqueológica, as investigações requerem grande investimento (de recursos pessoais, financeiros e tecnológicos), um diálogo constante com a revisão dos paradigmas teóricos das tantas áreas afins de conhecimento e, acima de tudo, o compromisso social com os povos originários contemporâneos”, continua.
“Entendemos que algumas camadas comuns, que subjazem às particularidades históricas da produção de cada uma daquelas peças, podem ser entendidas como componentes estruturantes das sociocosmogonias ameríndias. Ao assumir o potencial das coleções arqueológicas para a investigação científica, valorizamos o olhar dos colecionadores que se mantiveram atentos ao mundo dos objetos selecionados, uma característica marcante da coleção Landmann”, conclui a curadora-adjunta.
Comodato MASP Landmann — cerâmicas e metais integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias indígenas. Este ano a programação também inclui mostras de Carmézia Emiliano, MAHKU, Paul Gauguin, Sheroanawe Hakihiiwe, Melissa Cody, além da grande coletiva Histórias indígenas.
SERVIÇO
Comodato MASP Landmann — cerâmicas e metais pré-colombianos
Curadoria: Marcia Arcuri, curadora-adjunta de arte pré-colombiana, MASP, com assistência de Leandro Muniz, assistente curatorial, MASP
2o subsolo
30.6—3.9.2023
MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista
01310-200 São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terça grátis Bradesco, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas
Agendamento on-line obrigatório por este link
Ingressos: R$ 60 (entrada); R$ 30 (meia-entrada)